domingo, 22 de setembro de 2013




JORNAL DO COMÉRCIO – 5/10/1912
Alerta! Sr. Prefeito!
O SENHOR OLIVEIRA PASSOS, ADVOGADO DA TEATRALIA – UM CONTRATO ESCANDALOSO – A MORTE DO TEATRO NACIONAL

O Sr. Oliveira Passos, o feliz padrasto do Teatro Municipal, não contente com as gordas maquias ganhas na construção desse próprio municipal, continua a fazer do lugar que ocupa uma larga cavação.
Assim é que uma firma exploradora, ultimamente organizada para assaltar o infeliz teatro, conseguiu, iludindo a boa fé do digno Sr. General Bento Ribeiro, apossar-se do teatro Municipal, para entregá-lo a Companhia Teatralia.
Nós, que confiamos na honestidade ilibada do General Prefeito, levamos hoje ao seu conhecimento a vergonhosa cavação da firma Oliveira Passos & van Erven, a fim de que S. Ex., em tempo, repare a exploração de que foi vítima.
Esta firma, por um processo que ainda não pudemos, com segurança, qualificar, iludiu o Prefeito, levando-o a assinar um contrato que é vergonhosamente escandaloso.
É sabido por todos, tanto no Teatro Municipal, como na própria Prefeitura, que o contrato que o General Prefeito acaba de assinar é um péssimo negócio para os cofres municipais, como também encobre uma bandalheira monstruosa, na qual, ao que se diz o Sr. Oliveira Passos funcionou como advogado administrativo e talvez interessado direto da Teatralia.
Temos certeza de que o General Prefeito, cuja honestidade tem sido o espantalho de todos os cavadores, repare o seu ato, a fim de salvaguardar os interesses municipais, seriamente prejudicados nesta transação.
Esta confiança temos, mesmo porque, graças ao General Prefeito, vemos agora, em caminho de realização, a mais séria tentativa do teatro nacional.
Não é possível que à arte nacional só sejam dados dois meses para viver e a uma cavação sejam dados os restantes meses do ano.
O General Prefeito não deixará em meio à benemérita obra que iniciou.
Podemos afirmar, com toda segurança, que este contrato, celebrado com a Teatralia, por intermédio do Sr. Oliveira Passos é lesivo à Prefeitura, como havemos de provar.
Já é tempo deste pimpolho feliz largar a sugada têta do Teatro Municipal.
Não nos sobra hoje espaço para examinar, em detalhes, o escandaloso contrato da Teatralia; mas, nos artigos que iremos escrevendo, o Sr. General Prefeito e o público verão como foi feita essa vergonhosa transação.
Hoje, só chamamos a atenção do General Prefeito para, em tempo, remediar o ilícito negócio de que foi vítima.
Amanhã examinaremos as cláusulas do escandaloso contrato, e S. Ex. verá como temos razão de bradar contra a malta de cavadores que se aboletou no Teatro Municipal.
Ao General Prefeito, em nome do teatro nacional, e mesmo da moralidade administrativa, pedimos que anule o ato que entrevou o Teatro Municipal à Teatralia.
(Reprodução da Gazeta da Tarde de 3 de Setembro de 1912)

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