terça-feira, 12 de novembro de 2013

"o nosso ator nasceu do dramalhão ou da revista" (?)

GAZETA DE NOTÍCIAS – 28/8/1912

- De fato, o nosso ator nasceu do dramalhão ou da revista.
- E o que é pior, salvo uma ou outra peça, de ano em ano, não faz senão representar tipos estrangeiros, vivendo em “meios” que lhe eram inteiramente desconhecidos.
- Portanto, é preciso dar tempo ao tempo.
- E pedir aos nossos escritores que tragam para a cena a nossa alma, a nossa educação, a nossa moral, o conflito das nossas ambições e das nossas vaidades, finalmente, a nossa vida! Mas que deixem em paz os modelos franceses, com todo cortejo espetaculoso das suas afamadas adúlteras!
- O teatro regional está por explorar...
- Do caipira apenas nos mostraram tipos de asneirentos, esquecendo-se de lhe sondarem as belezas do coração!
- Fizeram dele um títere e não um homem.
- Precisamos do teatro de observação e, portanto de educação, porque, já o disse Barbey d’Aurevilly: “não há outra educação que aquela que se recebe das coisas que os nossos olhos observaram.” É desse teatro que deve sair o ator, na composição perfeita de figura humana!
- Que novidade nos reserva o seu programa?
- Diversas, mais a mais palpitante será a reforma da “mise-en-scéne”, de que vou fazer uma arte de verdade, seguindo os processos adotados na Rússia, Alemanha e Inglaterra que, como sabe, são os países onde o teatro reproduz a vida com a maior naturalidade. Uma transformação completa.

                                                              ***

E saímos ontem do Municipal convictos que desta vez mais essa tentativa da fundação do Teatro Nacional, com o critério e o carinho que está sendo tratada, não só pelo Sr. prefeito, diretor da Escola Dramática e o empresário da companhia, como também pelos artistas, não pode absolutamente falhar.
Vai ser, de resto, o início definitivo do nosso teatro, da nossa arte dramática.


COMMERCIO – s/d

A companhia nacional (?) subvencionada pela Prefeitura, que sob a direção de Eduardo Victorino dará uma série de espetáculos no Teatro Municipal, já se acha quase completamente organizada.
As peças a representar são quatro, todas aprovadas no último concurso instituído pela Academia de Letras: Não Matarás, de D. Julia Lopes; Canto sem Palavras, de Roberto Gomes; O Sacrifício, de Carlos Góes, e Flor Obscura, de Lima Campos.
A Exposição, de D. Adelina Lopes, e outras peças mais, também aprovadas pela Academia não serão representadas.
A peça de estreia, Não Matarás, já entrou em ensaios.
Têm papel na peça de D. Julia Lopes os seguintes artistas nacionais: João Barbosa, Antonio Ramos, Ferreira de Souza, Castello Branco, Samuel Rosalvo, Armando Duval, Lucilia Peres, Maria Falcão, Adelaide Coutinho, Corina Fróes, Julia Santos, Maria de Oliveira e outros.
Os alunos da Escola Dramática, já atores, serão aproveitados.
E desse modo já está quase organizada a Companhia Nacional (?).
Agora uma observaçãozinha ao Sr. Eduardo Victorino: não vá dar a primazia, em todos os papéis, a Sra. Maria Falcão em prejuízo da Sra. Lucilia Peres.

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