domingo, 31 de março de 2013


TRIBUNA – 02/10/1912

PRIMEIRAS REPRESENTAÇÕES

“Quem não perdoa”, no Municipal – Inauguração do Teatro Nacional

Devem estar contentíssimos, há esta hora, todos aqueles que se bateram em favor de mais essa tentativa de reorganização do teatro nacional. O espetáculo que fez ontem o début da companhia brasileira subvencionada e, de outro lado, inaugurou a temporada oficial do nosso teatro foi já o bastante para colocar a parte a certas dúvidas e incertezas, garantindo ainda um sucesso que ninguém, mais contestará.
O Municipal encheu-se au complet, apresentando a sala, se não um aspecto brilhante, ao menos belo, na simpleza do traje de quantos – cavalheiros e senhoras – lá foram. Não é que o discreto aviso da direção da companhia ou de outrem que não importa agora cumprissem-no todos, achando desnecessários para os atuais espetáculos do nosso melhor teatro os decotes e as casacas. Estas como aqueles lá estavam entretanto, espalhados aqui, ali e acolá, na plateia, nas frisas e nos camarotes...
O interessante é que, de uma arrogância única sempre esses decotes e casacas, ontem se sentiam também muito à vontade; e era belo de ve-los, ora fazendo paradoxo (ilegível) em vozes altas, e formulando ideias, de parceria com simples frack ou paletó comum, ora em gargalhadas entremeando dissertações galantes e sobre a moda no momento, feitas com humor por um leve vestido de passeio ou desses dos sábados na Avenida...
Acredito por isso que toda aquela gente que ontem foi ao Municipal não o fizesse por snobismo, como é veso nosso, tratando-se da estreia de uma companhia no Elephante branco. É muito alto o sentimento a que cedeu a nossa sociedade assistindo à récita inaugural de mais uma tentativa de reorganização do teatro brasileiro...
E porque tudo isto se desse muito naturalmente, pode alguém que não um pessimista afirmá-lo, essa tentativa, de um início vitorioso, na confiança ainda do seu melhor futuro, enfim do nosso teatro...
Sem mais, isto é, não recordando fatos de ligações diretas com a temporada atual, alguns deles, aliás que julgo dessa temporada mesma, passo ao espetáculo de ontem, à peça que o fez, enfim. Quem não perdoa, tal o seu título, da ilustre escritora D. Julia Lopes de Almeida, foi, dentre os originais apresentados ao último concurso da Academia Brasileira, o escolhido para o début da companhia organizada pelo Sr. Eduardo Victorino com uma subvenção da Prefeitura do Distrito Federal. Quem não perdoa é isto, num resumo feito ao desenrolar da peça:
1º ato – Abre-se o velarium e a cena é uma sala de pobre mobília, vendo-se alguns quadros dependurados nas paredes, que mostram também os lugares de outros quadros retirados, não há bem tempo, para a venda a qualquer belchior, como se vem a saber de diálogos outros que não o primeiro da peça, feito por um velho comprador de móveis usados com um seu sobrinho e caixeiro. Este diálogo, em que depois toma parte a viúva Elvira, é vivo e interessa sobremodo, porque serve a uma cena de grande observação como a da venda por uma bagatela do antigo piano, companheiro melhor da D. Elvira nos seus mais gozosos tempos. Á saída do negociante e seu caixeiro, D. Elvira, para despedir-se do piano, vai tocar um trecho qualquer, e mal desenha a primeira frase é tomada de uma pura comoção estranha, caindo em lágrimas e soluços sobre o teclado. Nessa posição vem encontrá-la Ilda, filha única de D. Elvira, que a adora. Ilda percebe tudo e, julgando o momento oportuno, diz à sua mãe querer fazer-lhe uma confidência séria. E retira-se para o interior da casa, prometendo voltar. Nesse ínterim, chega uma senhorinha amiga, que felicita D. Elvira por haver sua filha obtido mais uma nova discípula, saindo em seguida. Ilda torna à sala e falando à sua mãe esta diz:
- Já sei!...nova discípula...
- Não, não é isso... E Ilda diz a D. Elvira que, dentro de meia hora, vinte, quinze, dez minutos, alguém lhe virá pedir a sua mão, dela Ilda. É um engenheiro, Gustavo, que encontrará na casa de umas suas alunas. Bem encarreirado na vida, ama-a muito como Ilda o ama também. Gustavo chega, enfim, e encontra D. Elvira sozinha. Um defronte do outro, esta, compreendendo-lhe o embaraço, disse já saber ao que vinha, expondo-lhe a seguir toda a sua vida e concluindo por pedir a Gustavo refletisse...esperasse a sua resposta, resposta de uma mãe que somente olha a felicidade de sua filha, por quem vive de pobreza e de sacrifícios... Gustavo sai, aparecendo logo Ilda, que vai de encontro a D. Elvira, abraçando-se ambas. Depois das primeira e segunda cenas que já disse vivas e de interesse, sobre serem de funda observação, esse ato fica somente de exposição da peça, podendo-se notar como defeituosa a cena entre D. Elvira e Gustavo, que é estafante, por quase sem diálogo e mais de indiscrições, porque não é sensato se acredite uma franqueza de um bom coração toda aquela história contada por D. Elvira.
3º ato – A casa de Gustavo após 12 anos de casado.
Tudo indica a plena prosperidade do engenheiro. D. Elvira entra do jardim e cuida das flores, distribuindo-as pelos vasos da sala; Ilda que aparece, vindo do interior da casa, diz-se atacada de nevralgia, pedindo a sua mãe fosse a cidade fazer umas compras e por ela – Ilda – tomar um chá na Cavé. Pequenas cenas, com as quais se sabe que Gustavo chega tarde em casa que ama a mulher do capitão Elias, declarando também a Elvira, numa delas, a Ilda, achá-la enigmática, apreensiva e concluindo por dar-lhe este conselho: “se por acaso ama a outro homem, deve fazê-lo de maneira que não o suspeite seu marido”. Novas cenas, e entra Fausto, que, ao contrário do que pensa Gustavo, isto é, de que aquele lhe vem advertir da sua infelicidade, fazendo a corte à mulher do capitão Elias, lhe previu falarem na rua dos amores de Ilda com um senhor a quem não conhece. Gustavo exaspera-se. Fausto acalma-o e convida-o a sair. Saem. Ilda despede todos os criados a vários lugares. Logo e logo aparece Ramires. Ilda recebe-o em silêncio. Fala-lhe e ouve-o no pouco que lhe diz Ramires, que se despede para longe. Ilda fecha a porta e espera... Ramires abraça-a por fim. Chega então Gustavo, que, louco, assassina Ilda e foge para o interior, pela porta por onde saíra Ramires. D. Emilia vem de fazer as compras. Pensa dormindo Ilda, mas ao enfrentá-la repara na sua deformação fisionômica, sacode-a, sente a morta... Chora, soluça...cai para trás.
É o segundo ato, o melhor da peça, incontestavelmente. Forte, vigoroso mesmo, de uma nota realista atroz, ele fica principalmente na cena violenta final. Nesse ato ainda há claros-escuros, meias sombras nos principais personagens. Não quero uma boa entrada, a de Fausto, que, sem nenhuma apresentação e sem também mostrar intimidade, fala a Gustavo e a todos superiormente.
3º ato – O júri vai absolver Gustavo. Na sua casa, amigos, esperam-no. Há cantos, prepara-se um discurso. Jacinto e Angela, tios de Gustavo, falam de tudo, com certa comicidade. Gustavo entra acompanhado de alguns amigos, inclusive o capitão Elias. Há a recepção esperada, depois da qual todos saem despedindo-se do serviço o empregado do escritório de Gustavo. Este fica pensativo sentado a um sofá, quando penetra na sala D. Emilia, de luto, e que, imediatamente fala a Gustavo. Diz-lhe coisas horríveis, repete-lhe as frases ditas antes do casamento.: “Seus olhos vigiariam a felicidade de Ilda como dois cães de fila”. Depois, arremete-se contra Gustavo, em cujo peito crava um punhal. Morto Gustavo, D. Emilia grita...é uma louca, corre a uma janela e diz-se assassina de um assassino...
O 3º ato é defeituosíssimo. São desnecessárias várias das suas cenas, algumas inconcebíveis. Pena é que para uma dessas haja escrito o maestro Alberto Nepomuceno um lindo trecho de música...
D. Julia Lopes de Almeida faz o teatro cruel, de Bernstein, da 1ª fase desse escritor, e de Hervieu. Do autor de Connais toi, então, tem a nossa talentosa patrícia muito na técnica e na maneira. Certo, o inovador das tragédias modernas é dos autores preferidos por D. Julia Lopes de Almeida. Os personagens principais de Quem não perdoa, em vários pontos, se parecem com os do grande dramaturgo francês. Não tem o desenho preciso e o estudo de alma profundo e evocativo tão próprios àqueles da Course de Flambeau e demais originais de Hervieu.
Quem não perdoa estava bem “decorada” pelos artistas que tiveram as responsabilidades dos seus papéis.
A Sra. Lucilia Peres e a Sra. Maria Falcão destacaram-se um pouco, bem assim o Sr. Ramos. Não estão eles para os meus maiores elogios. Faço-lhe com reservas. O Sr. Ferreira de Souza e a Sra. Luiza de Oliveira agradaram. Ramires, Sr. Alvaro Costa, merece de melhores cuidados. Os demais, pequenos papéis.
Os cenários são bons. O decorativo do 2º ato necessitava de mais sensatez de linhas nas figuras que são, por sua vez muito grandes. O do último ato é de um azul demasiado forte.

E. De M.


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TRIBUNA – 02/10/1912

PRIMEIRAS REPRESENTAÇÕES

“Quem não perdoa”, no Municipal – Inauguração do Teatro Nacional

Devem estar contentíssimos, há esta hora, todos aqueles que se bateram em favor de mais essa tentativa de reorganização do teatro nacional. O espetáculo que fez ontem o début da companhia brasileira subvencionada e, de outro lado, inaugurou a temporada oficial do nosso teatro foi já o bastante para colocar a parte a certas dúvidas e incertezas, garantindo ainda um sucesso que ninguém, mais contestará.
O Municipal encheu-se au complet, apresentando a sala, se não um aspecto brilhante, ao menos belo, na simpleza do traje de quantos – cavalheiros e senhoras – lá foram. Não é que o discreto aviso da direção da companhia ou de outrem que não importa agora cumprissem-no todos, achando desnecessários para os atuais espetáculos do nosso melhor teatro os decotes e as casacas. Estas como aqueles lá estavam entretanto, espalhados aqui, ali e acolá, na plateia, nas frisas e nos camarotes...
O interessante é que, de uma arrogância única sempre esses decotes e casacas, ontem se sentiam também muito à vontade; e era belo de ve-los, ora fazendo paradoxo (ilegível) em vozes altas, e formulando ideias, de parceria com simples frack ou paletó comum, ora em gargalhadas entremeando dissertações galantes e sobre a moda no momento, feitas com humor por um leve vestido de passeio ou desses dos sábados na Avenida...
Acredito por isso que toda aquela gente que ontem foi ao Municipal não o fizesse por snobismo, como é veso nosso, tratando-se da estreia de uma companhia no Elephante branco. É muito alto o sentimento a que cedeu a nossa sociedade assistindo à récita inaugural de mais uma tentativa de reorganização do teatro brasileiro...
E porque tudo isto se desse muito naturalmente, pode alguém que não um pessimista afirmá-lo, essa tentativa, de um início vitorioso, na confiança ainda do seu melhor futuro, enfim do nosso teatro...
Sem mais, isto é, não recordando fatos de ligações diretas com a temporada atual, alguns deles, aliás que julgo dessa temporada mesma, passo ao espetáculo de ontem, à peça que o fez, enfim. Quem não perdoa, tal o seu título, da ilustre escritora D. Julia Lopes de Almeida, foi, dentre os originais apresentados ao último concurso da Academia Brasileira, o escolhido para o début da companhia organizada pelo Sr. Eduardo Victorino com uma subvenção da Prefeitura do Distrito Federal. Quem não perdoa é isto, num resumo feito ao desenrolar da peça:
1º ato – Abre-se o velarium e a cena é uma sala de pobre mobília, vendo-se alguns quadros dependurados nas paredes, que mostram também os lugares de outros quadros retirados, não há bem tempo, para a venda a qualquer belchior, como se vem a saber de diálogos outros que não o primeiro da peça, feito por um velho comprador de móveis usados com um seu sobrinho e caixeiro. Este diálogo, em que depois toma parte a viúva Elvira, é vivo e interessa sobremodo, porque serve a uma cena de grande observação como a da venda por uma bagatela do antigo piano, companheiro melhor da D. Elvira nos seus mais gozosos tempos. Á saída do negociante e seu caixeiro, D. Elvira, para despedir-se do piano, vai tocar um trecho qualquer, e mal desenha a primeira frase é tomada de uma pura comoção estranha, caindo em lágrimas e soluços sobre o teclado. Nessa posição vem encontrá-la Ilda, filha única de D. Elvira, que a adora. Ilda percebe tudo e, julgando o momento oportuno, diz à sua mãe querer fazer-lhe uma confidência séria. E retira-se para o interior da casa, prometendo voltar. Nesse ínterim, chega uma senhorinha amiga, que felicita D. Elvira por haver sua filha obtido mais uma nova discípula, saindo em seguida. Ilda torna à sala e falando à sua mãe esta diz:
- Já sei!...nova discípula...
- Não, não é isso... E Ilda diz a D. Elvira que, dentro de meia hora, vinte, quinze, dez minutos, alguém lhe virá pedir a sua mão, dela Ilda. É um engenheiro, Gustavo, que encontrará na casa de umas suas alunas. Bem encarreirado na vida, ama-a muito como Ilda o ama também. Gustavo chega, enfim, e encontra D. Elvira sozinha. Um defronte do outro, esta, compreendendo-lhe o embaraço, disse já saber ao que vinha, expondo-lhe a seguir toda a sua vida e concluindo por pedir a Gustavo refletisse...esperasse a sua resposta, resposta de uma mãe que somente olha a felicidade de sua filha, por quem vive de pobreza e de sacrifícios... Gustavo sai, aparecendo logo Ilda, que vai de encontro a D. Elvira, abraçando-se ambas. Depois das primeira e segunda cenas que já disse vivas e de interesse, sobre serem de funda observação, esse ato fica somente de exposição da peça, podendo-se notar como defeituosa a cena entre D. Elvira e Gustavo, que é estafante, por quase sem diálogo e mais de indiscrições, porque não é sensato se acredite uma franqueza de um bom coração toda aquela história contada por D. Elvira.
3º ato – A casa de Gustavo após 12 anos de casado.
Tudo indica a plena prosperidade do engenheiro. D. Elvira entra do jardim e cuida das flores, distribuindo-as pelos vasos da sala; Ilda que aparece, vindo do interior da casa, diz-se atacada de nevralgia, pedindo a sua mãe fosse a cidade fazer umas compras e por ela – Ilda – tomar um chá na Cavé. Pequenas cenas, com as quais se sabe que Gustavo chega tarde em casa que ama a mulher do capitão Elias, declarando também a Elvira, numa delas, a Ilda, achá-la enigmática, apreensiva e concluindo por dar-lhe este conselho: “se por acaso ama a outro homem, deve fazê-lo de maneira que não o suspeite seu marido”. Novas cenas, e entra Fausto, que, ao contrário do que pensa Gustavo, isto é, de que aquele lhe vem advertir da sua infelicidade, fazendo a corte à mulher do capitão Elias, lhe previu falarem na rua dos amores de Ilda com um senhor a quem não conhece. Gustavo exaspera-se. Fausto acalma-o e convida-o a sair. Saem. Ilda despede todos os criados a vários lugares. Logo e logo aparece Ramires. Ilda recebe-o em silêncio. Fala-lhe e ouve-o no pouco que lhe diz Ramires, que se despede para longe. Ilda fecha a porta e espera... Ramires abraça-a por fim. Chega então Gustavo, que, louco, assassina Ilda e foge para o interior, pela porta por onde saíra Ramires. D. Emilia vem de fazer as compras. Pensa dormindo Ilda, mas ao enfrentá-la repara na sua deformação fisionômica, sacode-a, sente a morta... Chora, soluça...cai para trás.
É o segundo ato, o melhor da peça, incontestavelmente. Forte, vigoroso mesmo, de uma nota realista atroz, ele fica principalmente na cena violenta final. Nesse ato ainda há claros-escuros, meias sombras nos principais personagens. Não quero uma boa entrada, a de Fausto, que, sem nenhuma apresentação e sem também mostrar intimidade, fala a Gustavo e a todos superiormente.
3º ato – O júri vai absolver Gustavo. Na sua casa, amigos, esperam-no. Há cantos, prepara-se um discurso. Jacinto e Angela, tios de Gustavo, falam de tudo, com certa comicidade. Gustavo entra acompanhado de alguns amigos, inclusive o capitão Elias. Há a recepção esperada, depois da qual todos saem despedindo-se do serviço o empregado do escritório de Gustavo. Este fica pensativo sentado a um sofá, quando penetra na sala D. Emilia, de luto, e que, imediatamente fala a Gustavo. Diz-lhe coisas horríveis, repete-lhe as frases ditas antes do casamento.: “Seus olhos vigiariam a felicidade de Ilda como dois cães de fila”. Depois, arremete-se contra Gustavo, em cujo peito crava um punhal. Morto Gustavo, D. Emilia grita...é uma louca, corre a uma janela e diz-se assassina de um assassino...
O 3º ato é defeituosíssimo. São desnecessárias várias das suas cenas, algumas inconcebíveis. Pena é que para uma dessas haja escrito o maestro Alberto Nepomuceno um lindo trecho de música...
D. Julia Lopes de Almeida faz o teatro cruel, de Bernstein, da 1ª fase desse escritor, e de Hervieu. Do autor de Connais toi, então, tem a nossa talentosa patrícia muito na técnica e na maneira. Certo, o inovador das tragédias modernas é dos autores preferidos por D. Julia Lopes de Almeida. Os personagens principais de Quem não perdoa, em vários pontos, se parecem com os do grande dramaturgo francês. Não tem o desenho preciso e o estudo de alma profundo e evocativo tão próprios àqueles da Course de Flambeau e demais originais de Hervieu.
Quem não perdoa estava bem “decorada” pelos artistas que tiveram as responsabilidades dos seus papéis.
A Sra. Lucilia Peres e a Sra. Maria Falcão destacaram-se um pouco, bem assim o Sr. Ramos. Não estão eles para os meus maiores elogios. Faço-lhe com reservas. O Sr. Ferreira de Souza e a Sra. Luiza de Oliveira agradaram. Ramires, Sr. Alvaro Costa, merece de melhores cuidados. Os demais, pequenos papéis.
Os cenários são bons. O decorativo do 2º ato necessitava de mais sensatez de linhas nas figuras que são, por sua vez muito grandes. O do último ato é de um azul demasiado forte.

E. De M.


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sábado, 23 de março de 2013

O Eduardo é persistente.

Todos nós, do Instituto Osmar Rodrigues Cruz, gostaríamos muito que, aqueles que nos visitam tanto nesse Blog como no nosso, exibissem suas opiniões, críticas e sugestões. Poderíamos assim, coletar aquelas mais pertinentes e publicar periodicamente num Painel do Internauta, como também trocar informações.
Principalmente, nós brasileiros somos extremamente tímidos para externar nossas opiniões. Para aqueles de outros países, não se preocupem com o idioma, participem!
Voltaremos às publicações normais dentro de pouco tempo.

Eduardo Victorino

O Eduardo é persistente.

Todos nós, do Instituto Osmar Rodrigues Cruz, gostaríamos muito que, aqueles que nos visitam tanto nesse Blog como no nosso, exibissem suas opiniões, críticas e sugestões. Poderíamos assim, coletar aquelas mais pertinentes e publicar periodicamente num Painel do Internauta, como também trocar informações.
Principalmente, nós brasileiros somos extremamente tímidos para externar nossas opiniões. Para aqueles de outros países, não se preocupem com o idioma, participem!
Voltaremos às publicações normais dentro de pouco tempo.

Eduardo Victorino

segunda-feira, 11 de março de 2013

Palavra de presidente

Caríssimos,

Dada a pouca procura e consequentemente o baixo interesse por artigos inéditos, pela história do teatro nacional e português. 

Pelo descaso e preguiça dos supostos seguidores em deixar algum comentário (mesmo em língua estrangeira).

Por desprezar a memória em busca do novo (?), subtraindo o passado totalmente.

As postagens do Blog do Victorino ficam suspensas por  duas semanas.

Eugenia Rodrigues Cruz - Presidente do Instituto Osmar Rodrigues Cruz

Palavra de presidente

Caríssimos,

Dada a pouca procura e consequentemente o baixo interesse por artigos inéditos, pela história do teatro nacional e português. 

Pelo descaso e preguiça dos supostos seguidores em deixar algum comentário (mesmo em língua estrangeira).

Por desprezar a memória em busca do novo (?), subtraindo o passado totalmente.

As postagens do Blog do Victorino ficam suspensas por  duas semanas.

Eugenia Rodrigues Cruz - Presidente do Instituto Osmar Rodrigues Cruz

segunda-feira, 4 de março de 2013

Ator João Barbosa Dey-Burus


GAZETA – 04/02/1912
TEATRO NACIONAL
Recebemos a seguinte carta: “Sr. redator – Peço agasalho nas colunas do vosso brilhante periódico, para um protesto e um desabafo, sob todos os pontos de vista justo, honesto e de supremo direito.
Ator brasileiro, e por isso, como todos os meus colegas, atirado ao mais atroz indiferentismo e esmagador obscurantismo, sorrio-me, a alma alegre e prazenteira quando fui convidado para fazer parte da companhia dramática, que sob a direção de Eduardo Victorino ia no Teatro Municipal, encetar uma época oficial, promissora da fundação do verdadeiro teatro-escola nacional.
E nem só a mim, luzia essa esperança, que era acalentada por todos os meus companheiros de trabalho, assim como por todos aqueles que, nesta terra, ainda se preocupam com os destinos da malograda arte dramática.
Qual, porém, não foi o nosso pasmo, ao sabermos que na véspera do dia, em que se devia realizar o primeiro espetáculo dessa prova artística para a qual se haviam empregado todos os esforços, todos os sacrifícios e as nossas derradeiras ilusões; a Prefeitura, havia assinado com uma companhia estrangeira, um contrato de três anos!
Chega a ser dolorosamente triste e inacreditável, tal acontecimento!
Pois, então, o Conselho Municipal, vota uma verba de setenta contos, para início de uma temporada subvencionada, que serviria de experiência para a fundação da definitiva companhia nacional; e, antes que se pudesse avaliar da sua competência, do valor literário das peças, dos benefícios que essa tentativa traria a literatura e arte dramática patrícias, entrega-se a estranhos aquilo que de direito nos pertence?
Qual o diretor, quais os artistas que aceitariam um contrato por dois meses apenas, se não contassem com um futuro mais próspero, justo prêmio dos seus esforços e do seu trabalho?!
A prova de que se pode fazer mais do que esperavam o indiferentismo e o “snobismo” patrício (mal grado alguns despeitos mal disfarçados) demo-la no dia 1 deste mês, diante do Exmo. Sr. presidente da República, diante do Exmo. Sr. general prefeito, nas ovações de que foram testemunhas; no dia seguinte ao que era assinado um contrato que mais uma vez nos fechava a porta do casarão dourado, onde sob o pretexto de nos proteger a Prefeitura enterrou milhares de contos.
Fique aqui lavrado o nosso protesto enérgico, contra o esbulho que nos fazem.
É supremamente vexatório e desolador, o descaso, o menosprezo, a indiferença com que pelos homens do governo, são tratados os atores e os artistas dramáticos brasileiros.
Ainda nenhuma das companhias estrangeiras incensadas pela crítica, exibiu no Teatro Municipal, uma peça montada com a propriedade e o capricho com que foi representado o trabalho de D. Julia Lopes e com que serão levados à cena os que se seguirem.
Quando depois da nossa temporada, nesta pátria madrasta, “os salvadores da arte dramática”, nas estafantes crônicas, bocejarem que não temos teatro, não se esqueçam de acrescentar que temos tudo, menos honestidade e patriotismo nos atos e nos fitos daqueles que nos governam.
Cidade adiantada a nossa! Irrisão! Capital dos “parvenus” dos políticos, dos “burgueses enfatuados”, supinamente ignorantes em matéria de Arte.
Fique de pé o meu protesto de artista, de brasileiro indignado, contra esse atentado criminoso que acaba de ser praticado.
E viva a bambochata por sessões! Numa terra em que tanto se pincha e cabriola na arena da politicagem, é justo que o teatro reflita os esgares dos “clown”. 03/10/1912  Ator João Barbosa Dey-Burus.


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Ator João Barbosa Dey-Burus


GAZETA – 04/02/1912
TEATRO NACIONAL
Recebemos a seguinte carta: “Sr. redator – Peço agasalho nas colunas do vosso brilhante periódico, para um protesto e um desabafo, sob todos os pontos de vista justo, honesto e de supremo direito.
Ator brasileiro, e por isso, como todos os meus colegas, atirado ao mais atroz indiferentismo e esmagador obscurantismo, sorrio-me, a alma alegre e prazenteira quando fui convidado para fazer parte da companhia dramática, que sob a direção de Eduardo Victorino ia no Teatro Municipal, encetar uma época oficial, promissora da fundação do verdadeiro teatro-escola nacional.
E nem só a mim, luzia essa esperança, que era acalentada por todos os meus companheiros de trabalho, assim como por todos aqueles que, nesta terra, ainda se preocupam com os destinos da malograda arte dramática.
Qual, porém, não foi o nosso pasmo, ao sabermos que na véspera do dia, em que se devia realizar o primeiro espetáculo dessa prova artística para a qual se haviam empregado todos os esforços, todos os sacrifícios e as nossas derradeiras ilusões; a Prefeitura, havia assinado com uma companhia estrangeira, um contrato de três anos!
Chega a ser dolorosamente triste e inacreditável, tal acontecimento!
Pois, então, o Conselho Municipal, vota uma verba de setenta contos, para início de uma temporada subvencionada, que serviria de experiência para a fundação da definitiva companhia nacional; e, antes que se pudesse avaliar da sua competência, do valor literário das peças, dos benefícios que essa tentativa traria a literatura e arte dramática patrícias, entrega-se a estranhos aquilo que de direito nos pertence?
Qual o diretor, quais os artistas que aceitariam um contrato por dois meses apenas, se não contassem com um futuro mais próspero, justo prêmio dos seus esforços e do seu trabalho?!
A prova de que se pode fazer mais do que esperavam o indiferentismo e o “snobismo” patrício (mal grado alguns despeitos mal disfarçados) demo-la no dia 1 deste mês, diante do Exmo. Sr. presidente da República, diante do Exmo. Sr. general prefeito, nas ovações de que foram testemunhas; no dia seguinte ao que era assinado um contrato que mais uma vez nos fechava a porta do casarão dourado, onde sob o pretexto de nos proteger a Prefeitura enterrou milhares de contos.
Fique aqui lavrado o nosso protesto enérgico, contra o esbulho que nos fazem.
É supremamente vexatório e desolador, o descaso, o menosprezo, a indiferença com que pelos homens do governo, são tratados os atores e os artistas dramáticos brasileiros.
Ainda nenhuma das companhias estrangeiras incensadas pela crítica, exibiu no Teatro Municipal, uma peça montada com a propriedade e o capricho com que foi representado o trabalho de D. Julia Lopes e com que serão levados à cena os que se seguirem.
Quando depois da nossa temporada, nesta pátria madrasta, “os salvadores da arte dramática”, nas estafantes crônicas, bocejarem que não temos teatro, não se esqueçam de acrescentar que temos tudo, menos honestidade e patriotismo nos atos e nos fitos daqueles que nos governam.
Cidade adiantada a nossa! Irrisão! Capital dos “parvenus” dos políticos, dos “burgueses enfatuados”, supinamente ignorantes em matéria de Arte.
Fique de pé o meu protesto de artista, de brasileiro indignado, contra esse atentado criminoso que acaba de ser praticado.
E viva a bambochata por sessões! Numa terra em que tanto se pincha e cabriola na arena da politicagem, é justo que o teatro reflita os esgares dos “clown”. 03/10/1912  Ator João Barbosa Dey-Burus.


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