Jornal Paiz 03/10/1912
TEATRO MUNICIPAL
“Quem não
Perdoa...”
Da ilustre
escritora D. Julia Lopes de Almeida recebemos a seguinte carta:
“Sr.
diretor do “Paiz” – Na crítica do seu jornal sobre a minha peça: “Quem não
Perdoa...”, há uma afirmativa que me cumpre rebater, por não ser verdadeira e
ser profundamente imoral que até me vexo de a ler. Diz a crítica que, no
diálogo do 2º ato, Elvira diz à sua filha Ilda que: “se por acaso ama outro
homem, deve fazê-lo de maneira que não o suspeite seu marido”. Ora, o conselho
dado por essa mãe à sua filha é o de esmagar no fundo do peito o sentimento que
porventura lhe inspire outro homem, de modo que ele jamais transpareça nem
possa ser suspeitado pela pessoa que o inspirou. Para demonstrar à filha que
isso é humanamente possível, esta mãe invoca a lembrança de uma paixão que teve
na mocidade e de cuja existência nem a pessoa amada nem ninguém mais suspeitou
nunca.
Como vê, o
caso é oposto ao apresentado pelo crítico do “Paiz”.
Rogo-lhe
ainda o obséquio de declarar que a minha peça nada tem que ver com fatos da
atualidade, pois foi escrita há mais de dois anos, para a primeira série dos
espetáculos nacionais do teatro Municipal.”
Com prazer fizemos
a publicação da carta supra; entretanto o nosso engano, na parte a que se
refere a talentosa escritora, é muito explicável, porque outros também
compreenderam o trecho citado da mesma maneira que nós, sendo bem possível que
tal se desse devido à má acústica do teatro, a algum “lapsus memoriae” da atriz
que declamou o trecho, ou ainda a qualquer outra causa.
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