domingo, 26 de maio de 2013






NOITE – 3/10/1912
Notícias
A COMPANHIA NACIONAL
Hoje não há espetáculo no Municipal.
Para amanhã está anunciada a peça de D. Julia Lopes de Almeida – “Quem não perdoa”.
Para muita gente o Teatro Municipal, tão cheio de mármores, de dourados, de tapetes e de poltronas ricas, precisa de toilette especial. Deve-se acabar com esse preconceito. Quem quiser ir ao Municipal deve ir como se fosse às outras companhias, nos teatros populares. Só as primeiras, no Municipal, obrigam ao apuro da toilette. As outras representações são sem exageros de elegância.
Para a próxima semana será levada à cena a peça de Roberto Gomes – “Canto sem palavras”, estamos já em adiantados ensaios a peça de João do Rio – “A bella Madame Vargas”.

A FUTURA TEMPORADA E A PREFEITURA – A CAMINHO DE ERROS

A Prefeitura, com o espanto de toda a gente, na antevéspera da inauguração da experiência do Teatro Nacional, inauguração que foi triunfante, entregou o Teatro Municipal até outubro de cada ano, à empresa “La Teatrale”, para exploração de companhias estrangeiras.
O contrato é de uma escandalosa fraqueza de administração e denuncia a nenhuma esperança que o diretor do Municipal tinha, talvez, no resultado da presente experiência.
Ora, Roma não se fez num dia e o Teatro Nacional, dirigido com a energia e o vigor de que Eduardo Victorino deu provas na atual situação, não se há de fazer em dois meses.
Serão precisos alguns anos de tenacidade e de esforço, a fim de se ir provocando o pleno desabrochar das aptidões teatrais dos escritores, pois que está flagrantemente demonstrado que não são artistas o que nos falta, nem sequer os cenógrafos. Falta-nos a literatura teatral, que é uma especialidade difícil, porque não tem havido teatro até hoje, e é da literatura teatral que vivem os atores, os cenógrafos e até os porteiros de teatro.
A atual tentativa vai dar-nos dois autores novos de flagrantes aptidões para o Teatro – Roberto Gomes e João do Rio. Há outras aptidões desconhecidas e muitas outras, como Oscar Lopes, Pinto da Rocha, Arinos Pimentel, etc., desviados de produzir para o Teatro por falta de teatro de comédia regular.
Ora, a Prefeitura não vai querer apenas, todos os anos, durante dois reduzidos meses, ter um simulacro de Teatro Nacional no Municipal, porque é difícil manter uma companhia homogênea; sempre tendente a melhorar, trabalhar apenas dois meses por ano.
Qual é o artista que se vai sujeitar a rolar ao azar durante dez longos meses para só ter trabalho garantido em dois?
Naturalmente os artistas hão de procurar contratos e há certos contratos que não podem ser reduzidos ou discutidos.
Certamente a Prefeitura não pensou nisso ao assinar o contrato com “La Teatrale”, deixando-se levar no engodo de que o Teatro Nacional pode ser, não uma obrigação, mas um passatempo.
Entretanto o Teatro Nacional deve ser, para a Prefeitura, uma preocupação séria que tem sido descurada até agora, especialmente com o escandaloso descaso com que Da Rosa o tratou. A Prefeitura, que recebe uma renda especial para fomentar e manter o Teatro Nacional, com um pesado imposto sobre as companhias estrangeiras, está na obrigação moral de empregar todos os esforços para criar o Teatro Nacional.
A atual experiência veio demonstrar que a obra a se fazer a tal respeito é de fácil continuação. Basta o teatro e basta uma subvenção. Ora, para se fazer uma coisa séria é preciso tempo, perseverança e dinheiro. Dilate a Prefeitura o tempo de existência do Teatro Nacional, e dê, dos 350 contos que tem a receber, apenas 120 contos para essa tentativa e verá que dentro de dois anos os resultados colhidos serão flagrantes e compensadores.


VISITE TAMBÉM






NOITE – 3/10/1912
Notícias
A COMPANHIA NACIONAL
Hoje não há espetáculo no Municipal.
Para amanhã está anunciada a peça de D. Julia Lopes de Almeida – “Quem não perdoa”.
Para muita gente o Teatro Municipal, tão cheio de mármores, de dourados, de tapetes e de poltronas ricas, precisa de toilette especial. Deve-se acabar com esse preconceito. Quem quiser ir ao Municipal deve ir como se fosse às outras companhias, nos teatros populares. Só as primeiras, no Municipal, obrigam ao apuro da toilette. As outras representações são sem exageros de elegância.
Para a próxima semana será levada à cena a peça de Roberto Gomes – “Canto sem palavras”, estamos já em adiantados ensaios a peça de João do Rio – “A bella Madame Vargas”.

A FUTURA TEMPORADA E A PREFEITURA – A CAMINHO DE ERROS

A Prefeitura, com o espanto de toda a gente, na antevéspera da inauguração da experiência do Teatro Nacional, inauguração que foi triunfante, entregou o Teatro Municipal até outubro de cada ano, à empresa “La Teatrale”, para exploração de companhias estrangeiras.
O contrato é de uma escandalosa fraqueza de administração e denuncia a nenhuma esperança que o diretor do Municipal tinha, talvez, no resultado da presente experiência.
Ora, Roma não se fez num dia e o Teatro Nacional, dirigido com a energia e o vigor de que Eduardo Victorino deu provas na atual situação, não se há de fazer em dois meses.
Serão precisos alguns anos de tenacidade e de esforço, a fim de se ir provocando o pleno desabrochar das aptidões teatrais dos escritores, pois que está flagrantemente demonstrado que não são artistas o que nos falta, nem sequer os cenógrafos. Falta-nos a literatura teatral, que é uma especialidade difícil, porque não tem havido teatro até hoje, e é da literatura teatral que vivem os atores, os cenógrafos e até os porteiros de teatro.
A atual tentativa vai dar-nos dois autores novos de flagrantes aptidões para o Teatro – Roberto Gomes e João do Rio. Há outras aptidões desconhecidas e muitas outras, como Oscar Lopes, Pinto da Rocha, Arinos Pimentel, etc., desviados de produzir para o Teatro por falta de teatro de comédia regular.
Ora, a Prefeitura não vai querer apenas, todos os anos, durante dois reduzidos meses, ter um simulacro de Teatro Nacional no Municipal, porque é difícil manter uma companhia homogênea; sempre tendente a melhorar, trabalhar apenas dois meses por ano.
Qual é o artista que se vai sujeitar a rolar ao azar durante dez longos meses para só ter trabalho garantido em dois?
Naturalmente os artistas hão de procurar contratos e há certos contratos que não podem ser reduzidos ou discutidos.
Certamente a Prefeitura não pensou nisso ao assinar o contrato com “La Teatrale”, deixando-se levar no engodo de que o Teatro Nacional pode ser, não uma obrigação, mas um passatempo.
Entretanto o Teatro Nacional deve ser, para a Prefeitura, uma preocupação séria que tem sido descurada até agora, especialmente com o escandaloso descaso com que Da Rosa o tratou. A Prefeitura, que recebe uma renda especial para fomentar e manter o Teatro Nacional, com um pesado imposto sobre as companhias estrangeiras, está na obrigação moral de empregar todos os esforços para criar o Teatro Nacional.
A atual experiência veio demonstrar que a obra a se fazer a tal respeito é de fácil continuação. Basta o teatro e basta uma subvenção. Ora, para se fazer uma coisa séria é preciso tempo, perseverança e dinheiro. Dilate a Prefeitura o tempo de existência do Teatro Nacional, e dê, dos 350 contos que tem a receber, apenas 120 contos para essa tentativa e verá que dentro de dois anos os resultados colhidos serão flagrantes e compensadores.


VISITE TAMBÉM

quarta-feira, 22 de maio de 2013






GAZETA TEATRAL – 10/1912

ABERTURA DA TEMPORADA OFICIAL – No municipal representa-se “Quem não perdoa”, para estreia da companhia nacional.

- Que tal?
- Bem, muito bem.
- Ou passável, apenas decente...
- Não, muito bem mesmo. Sala repleta. Estavam lá o chefe do Estado, o ministro do Interior, o general prefeito, mundo oficial. As frisas e os camarotes, floridos; a plateia, com trajes custosos e peitilhos reluzentes. Houve chamados à cena. Palmas, muitas palmas. Uma noite de gala.
- E a peça, o desempenho?
Era mais de meia-noite. Na redação, assaltados pelas perguntas, principiamos a escrever estas linhas. Certo, uma das coisas que mais cooperarão para o ressurgimento do nosso teatro há de ser, sem dúvida, a sinceridade da crítica.
Se vamos para aí dizer que tudo está muito bom, que tudo é assim mesmo, que tudo foi perfeitamente bem, então não temos nada feito, o resultado será contraproducente.
Também não devemos ir ao ponto de arrumar em cima das peças e dos autores e atores uma crítica implacável, serrada, por demais severa: seria matar aspirações e esmorecer vontades.
Nem uma, nem outra coisa. Mas uma franca e leal apreciação, sem a mínima autoridade pretensiosa, encarando apenas as coisas conforme se as observou e se as sentiu.
É assim que pretendemos apreciar os originais brasileiros e a sua interpretação na presente temporada.
***
De teatro, da Sra. D. Julia Lopes de Almeida, um nome feito na nossa literatura, conhecíamos apenas a sua peça “A Herança”, um pequeno ato, que, aliás, nos deixara a mais viva impressão. Era, de resto, até o “Quem não perdoa”, a sua única produção no gênero.
Há, nesse único ato de que se compõe a peça, alguma coisa de forte, de perfeitamente natural, de humano enfim, que, serenamente repassado de uma branda emoção, nos chegara a empolgar, quando a vimos representada pela companhia da Exposição.
Por isso, aguçara-nos a curiosidade a nova peça da ilustre escritora.
- E então?
- Vejamos...
D. Elvira, uma viúva, que com sua filha habita uma casa de real conforto, vê-se na contingência dolorosa de ir vendendo os móveis para poder continuar a viver. Ilda, sua filha, que é boa, trabalha para ajudá-la.
Um dia, após a mãe ter negociado com o belchior Beirão a mobília e o piano, entra a filha um tanto alvoroçada, participando à mãe que tem alguma coisa a dizer-lhe. Uma sua amiga, que chega, participa-lhe, que conseguiu para Ilda mais duas alunas. D. Elvira, ao sair Sophia, conta à filha que já sabe o seu segredo e que não consente em tal. Já são demais as alunas que tem.
Mas... como a hora se aproxima, Ilda é então forçada a confessar, dizendo à sua mãe que dentro em poucos minutos um moço virá pedi-la em casamento. Admiração de D. Elvira. Ilda conhecera-o em casa de umas alunas suas. E amara-o.
O Dr. Gustavo Ribas, engenheiro de futuro numa casa de eletricidade e com herança, é recebido por D. Elvira, que lhe conta logo a vida toda e as dificuldades de seu lar, aconselhando-o a pensar bem, a refletir muito. Gustavo sai e Ilda que, naturalmente estava à espreita, entra e cai nos braços de sua mãe.
No segundo ato, em casa de Ilda, há doze anos casada com Gustavo, sua mãe consegue dela o juramento de que se ela chegar a amar outro homem, que não o seu marido, se sacrificará, mantendo pura a sua união com Gustavo. E conta que ela se havia também sacrificado. Vão chegando visitas – um casal tios do marido de Ilda; um amigo da casa, o Sr. Fausto; um empregado de Gustavo... Sabemos então que o marido de Ilda tem uma amante, a mulher do capitão Elias. As visitas saem, saem assim como a D. Elvira, que vai fazer umas compras, a pedido da filha e tomar chá, por ela, na Cavé.
Ao retirar-se Ilda para o interior, Fausto, que ficara, conta a Gustavo que lhe disseram estar o Sr. Ramires apaixonado pela sua mulher. Gustavo que é um impetuoso – todos o dizem – pensa logo que sua mulher tem um amante. fausto tranquiliza-o e fa-lo retirar-se com o fito de conseguir o meio de se mandar Ilda para uma fazenda, passar algum tempo, pois o Dr. Ramires vai como cônsul para a Europa.
Mal eles saem Ilda despacha os criados em serviços demorados. É a hora da entrevista, a primeira e a única. Ramires chega. declarações de amor. Ela já sabe que ele vai partir. mandou chamá-lo para a despedida.
No momento de trocarem o beijo, chega o marido. Desvairado mata a mulher. Corre em procura de Ramires, que saíra, por uma outra porta, porque a casa tem duas entradas. Nisso a mãe de Ilda chega da cidade. Entra despreocupadamente. A filha já estava morta.
No dia do júri de Gustavo – é o terceiro ato – os tios, em casa dele, preparam a recepção. Certo, virá alguém. Chegam umas vizinhas, alguns amigos e por fim, Gustavo com o advogado e íntimos. Há música, canto, discursos, champagne. Gustavo sente-se aborrecido. Os visitantes saem. E ele fica só. Nesse momento, chega a mãe de Ilda. Atira-lhe ao rosto todas as dores que sente e, como mãe, é “quem não perdoa”, mata-o... É só.
Ora, tudo isso pode bem ser que se dê, ou que se tenha mesmo dado. Apenas a maneira por que a ilustre escritora, cujo nome estrelejado somos os primeiros a respeitar, pôs todos esses fatos em cena, é que nos pareceu um tanto artificial, urdidos como estão, ao nosso ver, de um modo pouco espontâneo, pouco verossímil.
Achamos mais que a ação, aqui e ali, arrasta-se e não consegue manter ileso no espírito do espectador o fio emocional.
Tirando a cena com o belchior, que é natural, as de mãe e filha, antes e depois da visita de Sophia, que são ainda bem feitas, logo no primeiro ato sente-se como se quebrar todo o interesse que se apodera de nós pela ação, ao ver D. Elvira, recebendo em sua casa um homem que vem pedir a mão de sua filha, desenrolar o interminável rosário das suas contrariedades...
Certo, isso, além de um tanto inverossímil, numa primeira visita dessas, tratando-se como se trata de uma pessoa que tivera o conforto da alta roda, desvia a atenção do espectador, porque o diálogo é um tanto sem vida, quase que incolor mesmo. É que Gustavo quase não balbucia uma palavra, limitando-se a ouvir, apenas...
Depois, para nós, todo esse primeiro ato é uma série de cenas inteiramente inúteis para a ação da peça, digamos melhor, do drama.
É simples. Uma vez que o segundo ato começa 10 anos após, era o suficiente que nessa ocasião, em cenas em que se definissem os tipos principais da ação e a razão de ser de cada um, no ambiente onde iam viver, se deixasse transparecer o passado do casal, em que condições se haviam consorciado. Gustavo e Ilda – que é para quanto serve o primeiro ato.
Desse defeito, da pouca razão de ser do primeiro ato, decorre todo o desenrolar fictício do segundo, em que o artifício, o preparado das cenas principais revela-se, simultaneamente. Aí sentimos nós que cada entrada de um tipo novo em cena, era o atestado frisante do nosso modo de pensar.
Primeiro, a cena com os tios de Gustavo, que não deixa de dar uma certa vivacidade ao ato, não define bem o caráter desses personagens.
Assim, Fausto, que o espectador ainda não conhecia, entra naquele meio unicamente para dizer a Gustavo que a sua mulher é amada pelo Dr. Ramires. É evidentemente forçada aquela aparição assim de um tipo que não se conhecia, muito embora se diga amigo. Como é ainda forçada a vinda de Ramires, de quem apenas se falara.
A nós, ao menos nos pareceram forçadas; mas se não são forçadas, são ao menos preparadas, não há nelas uma espontaneidade, visivelmente decorrente da marcha dos fatos.
Quem poderia dizer que Fausto tinha direito àquilo que praticou, quem poderia supor que Ilda e Ramires mantinham relações naquele ponto. Bernstein faz, pode-se dizer o teatro dos imprevistos. Mas fa-lo com lógica, com consequências naturalmente explicáveis.
Convenhamos que, muito embora o teatro social seja o reflexo da vida, na urdidura da peça, e por esse reflexo mesmo jamais deve deixar de transparecer o estudo dos personagens. Não é só o desenrolar dos fatos, o chamado enredo, que deve preocupar o autor. Ao contrário, acima dele está o desenho dos tipos, para que nós cá fora possamos acreditar, mais ainda entrar na realidade da ação.
Depois, aquela morte final em cena, impossível de se dar como está na peça, a não ser que Ilda morra sem gritar, o que é muito raro para quem leva uma facada. Mas se Ilda gritar, D. Elvira não poderá entrar assim distraída como entra. Seria mais lógico e mais elegante que Ilda fugisse. Lá dentro então o marido detonaria o revolver e o pano caia.
No terceiro ato, não só não nos agrada a cena final, porque não podemos admitir que um indivíduo impetuoso ouça, depois de ter sido julgado inocente, todos os desabafos, um tanto fortes, da mãe de Ilda, que acaba matando-o, como ainda julgamos as outras cenas um tanto feitas para recheio do ato.
- E o desempenho?
- Os artistas da Companhia Nacional fizeram um esforço verdadeiramente brilhante. É uma verdade que se impõe. Todos os papéis estavam polidos, limpos e estudados. E isso é de notar, tanto mais que o espaço de tempo foi curto e eles se acham sobrecarregados com os papéis das outras peças.
Maria Falcão soube manter uma linha correta e nos dois momentos em que temíamos algum deslize na sua interpretação, ao encontrar a filha morta e ao matar o seu marido.
Pode-se dizer, sem exagero, que ela viveu o papel de D. Elvira.
Lucilia Peres, ao seu lado, esteve bem na Ilda: em todo o primeiro ato e no segundo, na cena com sua mãe e na cena da entrevista com o apaixonado, ela deu relevo ao seu papel, tendo entradas e saídas de efeito.
Jacintho foi feito com propriedade, por Ferreira de Souza, que é ainda e sempre o mesmo, correto, natural, sóbrio. Fez sua mulher Luiza de Oliveira, e com muito acerto, provocando risos, como era do papel...
O marido de Ilda, o Dr. Gustavo Ribas, esteve nas mãos de Antonio ramos, que se por vezes tem fogo demais, por outras é frio em excesso, como foi na cena do pedido de casamento. Contudo, não se comprometeu.
João Barbosa, numa ponta, o Sr. Fausto, manteve-se bem.
Ramires, o galã, a cargo de Alvaro Costa, pareceu-nos um pouco contrafeito. No entanto, o Sr. Alvaro Costa é elegante, tem uma boa voz e é capaz dar brilho a papel mais definido. Ontem sentimos isso.
Dois papéis que nos parecem os mais bem apanhados da peça, o belchior Beirão e o empregado de cartório, o Sr. Cardoso, foram com muita propriedade encarnados pelos atores Octavio Rangel e Carlos Abreu.
Cooperaram para o desenvolvimento da ação, nos demais papéis, os artistas Gabriella Montam, Corina Fróes, Fulvia Castello Branco, Desdemona Barros, Judith Saldanha, Brasilia Lazaro, Samuel Rosalvos, Affonso Mello e Castello Brando.
A “mise-en-scéne” é, sem dúvida, das mais brilhantes que temos tido. Pintou a sala elegante do primeiro ato, com o papel já desbotado, o cenógrafo Jayme Silva; o segundo, que é uma sala de um belo efeito, com o seu terraço ao fundo, dando para o jardim, Angelo Lazary
Achamo-la apenas alguma coisa baixa.
O terceiro ato é de Joaquim Santos.
O mobiliário e o guarda-roupa, respeitaram as exigências da peça.
Era bem.
Depois, foi uma noite de festa e de glória para o nome de Julia Lopes. No final do segundo ato, a ilustre escritora patrícia obteve uma calorosa ovação da assistência, em pé, que enchia o teatro todo. E o palco foi invadido por homens de letras, jornalistas, senhoras, que foram levar as felicitações à distinta escritora, merecedora, pelo seu passado de conquistas nas letras, de todas essas homenagens.
Abbadie





GAZETA TEATRAL – 10/1912

ABERTURA DA TEMPORADA OFICIAL – No municipal representa-se “Quem não perdoa”, para estreia da companhia nacional.

- Que tal?
- Bem, muito bem.
- Ou passável, apenas decente...
- Não, muito bem mesmo. Sala repleta. Estavam lá o chefe do Estado, o ministro do Interior, o general prefeito, mundo oficial. As frisas e os camarotes, floridos; a plateia, com trajes custosos e peitilhos reluzentes. Houve chamados à cena. Palmas, muitas palmas. Uma noite de gala.
- E a peça, o desempenho?
Era mais de meia-noite. Na redação, assaltados pelas perguntas, principiamos a escrever estas linhas. Certo, uma das coisas que mais cooperarão para o ressurgimento do nosso teatro há de ser, sem dúvida, a sinceridade da crítica.
Se vamos para aí dizer que tudo está muito bom, que tudo é assim mesmo, que tudo foi perfeitamente bem, então não temos nada feito, o resultado será contraproducente.
Também não devemos ir ao ponto de arrumar em cima das peças e dos autores e atores uma crítica implacável, serrada, por demais severa: seria matar aspirações e esmorecer vontades.
Nem uma, nem outra coisa. Mas uma franca e leal apreciação, sem a mínima autoridade pretensiosa, encarando apenas as coisas conforme se as observou e se as sentiu.
É assim que pretendemos apreciar os originais brasileiros e a sua interpretação na presente temporada.
***
De teatro, da Sra. D. Julia Lopes de Almeida, um nome feito na nossa literatura, conhecíamos apenas a sua peça “A Herança”, um pequeno ato, que, aliás, nos deixara a mais viva impressão. Era, de resto, até o “Quem não perdoa”, a sua única produção no gênero.
Há, nesse único ato de que se compõe a peça, alguma coisa de forte, de perfeitamente natural, de humano enfim, que, serenamente repassado de uma branda emoção, nos chegara a empolgar, quando a vimos representada pela companhia da Exposição.
Por isso, aguçara-nos a curiosidade a nova peça da ilustre escritora.
- E então?
- Vejamos...
D. Elvira, uma viúva, que com sua filha habita uma casa de real conforto, vê-se na contingência dolorosa de ir vendendo os móveis para poder continuar a viver. Ilda, sua filha, que é boa, trabalha para ajudá-la.
Um dia, após a mãe ter negociado com o belchior Beirão a mobília e o piano, entra a filha um tanto alvoroçada, participando à mãe que tem alguma coisa a dizer-lhe. Uma sua amiga, que chega, participa-lhe, que conseguiu para Ilda mais duas alunas. D. Elvira, ao sair Sophia, conta à filha que já sabe o seu segredo e que não consente em tal. Já são demais as alunas que tem.
Mas... como a hora se aproxima, Ilda é então forçada a confessar, dizendo à sua mãe que dentro em poucos minutos um moço virá pedi-la em casamento. Admiração de D. Elvira. Ilda conhecera-o em casa de umas alunas suas. E amara-o.
O Dr. Gustavo Ribas, engenheiro de futuro numa casa de eletricidade e com herança, é recebido por D. Elvira, que lhe conta logo a vida toda e as dificuldades de seu lar, aconselhando-o a pensar bem, a refletir muito. Gustavo sai e Ilda que, naturalmente estava à espreita, entra e cai nos braços de sua mãe.
No segundo ato, em casa de Ilda, há doze anos casada com Gustavo, sua mãe consegue dela o juramento de que se ela chegar a amar outro homem, que não o seu marido, se sacrificará, mantendo pura a sua união com Gustavo. E conta que ela se havia também sacrificado. Vão chegando visitas – um casal tios do marido de Ilda; um amigo da casa, o Sr. Fausto; um empregado de Gustavo... Sabemos então que o marido de Ilda tem uma amante, a mulher do capitão Elias. As visitas saem, saem assim como a D. Elvira, que vai fazer umas compras, a pedido da filha e tomar chá, por ela, na Cavé.
Ao retirar-se Ilda para o interior, Fausto, que ficara, conta a Gustavo que lhe disseram estar o Sr. Ramires apaixonado pela sua mulher. Gustavo que é um impetuoso – todos o dizem – pensa logo que sua mulher tem um amante. fausto tranquiliza-o e fa-lo retirar-se com o fito de conseguir o meio de se mandar Ilda para uma fazenda, passar algum tempo, pois o Dr. Ramires vai como cônsul para a Europa.
Mal eles saem Ilda despacha os criados em serviços demorados. É a hora da entrevista, a primeira e a única. Ramires chega. declarações de amor. Ela já sabe que ele vai partir. mandou chamá-lo para a despedida.
No momento de trocarem o beijo, chega o marido. Desvairado mata a mulher. Corre em procura de Ramires, que saíra, por uma outra porta, porque a casa tem duas entradas. Nisso a mãe de Ilda chega da cidade. Entra despreocupadamente. A filha já estava morta.
No dia do júri de Gustavo – é o terceiro ato – os tios, em casa dele, preparam a recepção. Certo, virá alguém. Chegam umas vizinhas, alguns amigos e por fim, Gustavo com o advogado e íntimos. Há música, canto, discursos, champagne. Gustavo sente-se aborrecido. Os visitantes saem. E ele fica só. Nesse momento, chega a mãe de Ilda. Atira-lhe ao rosto todas as dores que sente e, como mãe, é “quem não perdoa”, mata-o... É só.
Ora, tudo isso pode bem ser que se dê, ou que se tenha mesmo dado. Apenas a maneira por que a ilustre escritora, cujo nome estrelejado somos os primeiros a respeitar, pôs todos esses fatos em cena, é que nos pareceu um tanto artificial, urdidos como estão, ao nosso ver, de um modo pouco espontâneo, pouco verossímil.
Achamos mais que a ação, aqui e ali, arrasta-se e não consegue manter ileso no espírito do espectador o fio emocional.
Tirando a cena com o belchior, que é natural, as de mãe e filha, antes e depois da visita de Sophia, que são ainda bem feitas, logo no primeiro ato sente-se como se quebrar todo o interesse que se apodera de nós pela ação, ao ver D. Elvira, recebendo em sua casa um homem que vem pedir a mão de sua filha, desenrolar o interminável rosário das suas contrariedades...
Certo, isso, além de um tanto inverossímil, numa primeira visita dessas, tratando-se como se trata de uma pessoa que tivera o conforto da alta roda, desvia a atenção do espectador, porque o diálogo é um tanto sem vida, quase que incolor mesmo. É que Gustavo quase não balbucia uma palavra, limitando-se a ouvir, apenas...
Depois, para nós, todo esse primeiro ato é uma série de cenas inteiramente inúteis para a ação da peça, digamos melhor, do drama.
É simples. Uma vez que o segundo ato começa 10 anos após, era o suficiente que nessa ocasião, em cenas em que se definissem os tipos principais da ação e a razão de ser de cada um, no ambiente onde iam viver, se deixasse transparecer o passado do casal, em que condições se haviam consorciado. Gustavo e Ilda – que é para quanto serve o primeiro ato.
Desse defeito, da pouca razão de ser do primeiro ato, decorre todo o desenrolar fictício do segundo, em que o artifício, o preparado das cenas principais revela-se, simultaneamente. Aí sentimos nós que cada entrada de um tipo novo em cena, era o atestado frisante do nosso modo de pensar.
Primeiro, a cena com os tios de Gustavo, que não deixa de dar uma certa vivacidade ao ato, não define bem o caráter desses personagens.
Assim, Fausto, que o espectador ainda não conhecia, entra naquele meio unicamente para dizer a Gustavo que a sua mulher é amada pelo Dr. Ramires. É evidentemente forçada aquela aparição assim de um tipo que não se conhecia, muito embora se diga amigo. Como é ainda forçada a vinda de Ramires, de quem apenas se falara.
A nós, ao menos nos pareceram forçadas; mas se não são forçadas, são ao menos preparadas, não há nelas uma espontaneidade, visivelmente decorrente da marcha dos fatos.
Quem poderia dizer que Fausto tinha direito àquilo que praticou, quem poderia supor que Ilda e Ramires mantinham relações naquele ponto. Bernstein faz, pode-se dizer o teatro dos imprevistos. Mas fa-lo com lógica, com consequências naturalmente explicáveis.
Convenhamos que, muito embora o teatro social seja o reflexo da vida, na urdidura da peça, e por esse reflexo mesmo jamais deve deixar de transparecer o estudo dos personagens. Não é só o desenrolar dos fatos, o chamado enredo, que deve preocupar o autor. Ao contrário, acima dele está o desenho dos tipos, para que nós cá fora possamos acreditar, mais ainda entrar na realidade da ação.
Depois, aquela morte final em cena, impossível de se dar como está na peça, a não ser que Ilda morra sem gritar, o que é muito raro para quem leva uma facada. Mas se Ilda gritar, D. Elvira não poderá entrar assim distraída como entra. Seria mais lógico e mais elegante que Ilda fugisse. Lá dentro então o marido detonaria o revolver e o pano caia.
No terceiro ato, não só não nos agrada a cena final, porque não podemos admitir que um indivíduo impetuoso ouça, depois de ter sido julgado inocente, todos os desabafos, um tanto fortes, da mãe de Ilda, que acaba matando-o, como ainda julgamos as outras cenas um tanto feitas para recheio do ato.
- E o desempenho?
- Os artistas da Companhia Nacional fizeram um esforço verdadeiramente brilhante. É uma verdade que se impõe. Todos os papéis estavam polidos, limpos e estudados. E isso é de notar, tanto mais que o espaço de tempo foi curto e eles se acham sobrecarregados com os papéis das outras peças.
Maria Falcão soube manter uma linha correta e nos dois momentos em que temíamos algum deslize na sua interpretação, ao encontrar a filha morta e ao matar o seu marido.
Pode-se dizer, sem exagero, que ela viveu o papel de D. Elvira.
Lucilia Peres, ao seu lado, esteve bem na Ilda: em todo o primeiro ato e no segundo, na cena com sua mãe e na cena da entrevista com o apaixonado, ela deu relevo ao seu papel, tendo entradas e saídas de efeito.
Jacintho foi feito com propriedade, por Ferreira de Souza, que é ainda e sempre o mesmo, correto, natural, sóbrio. Fez sua mulher Luiza de Oliveira, e com muito acerto, provocando risos, como era do papel...
O marido de Ilda, o Dr. Gustavo Ribas, esteve nas mãos de Antonio ramos, que se por vezes tem fogo demais, por outras é frio em excesso, como foi na cena do pedido de casamento. Contudo, não se comprometeu.
João Barbosa, numa ponta, o Sr. Fausto, manteve-se bem.
Ramires, o galã, a cargo de Alvaro Costa, pareceu-nos um pouco contrafeito. No entanto, o Sr. Alvaro Costa é elegante, tem uma boa voz e é capaz dar brilho a papel mais definido. Ontem sentimos isso.
Dois papéis que nos parecem os mais bem apanhados da peça, o belchior Beirão e o empregado de cartório, o Sr. Cardoso, foram com muita propriedade encarnados pelos atores Octavio Rangel e Carlos Abreu.
Cooperaram para o desenvolvimento da ação, nos demais papéis, os artistas Gabriella Montam, Corina Fróes, Fulvia Castello Branco, Desdemona Barros, Judith Saldanha, Brasilia Lazaro, Samuel Rosalvos, Affonso Mello e Castello Brando.
A “mise-en-scéne” é, sem dúvida, das mais brilhantes que temos tido. Pintou a sala elegante do primeiro ato, com o papel já desbotado, o cenógrafo Jayme Silva; o segundo, que é uma sala de um belo efeito, com o seu terraço ao fundo, dando para o jardim, Angelo Lazary
Achamo-la apenas alguma coisa baixa.
O terceiro ato é de Joaquim Santos.
O mobiliário e o guarda-roupa, respeitaram as exigências da peça.
Era bem.
Depois, foi uma noite de festa e de glória para o nome de Julia Lopes. No final do segundo ato, a ilustre escritora patrícia obteve uma calorosa ovação da assistência, em pé, que enchia o teatro todo. E o palco foi invadido por homens de letras, jornalistas, senhoras, que foram levar as felicitações à distinta escritora, merecedora, pelo seu passado de conquistas nas letras, de todas essas homenagens.
Abbadie

domingo, 12 de maio de 2013




GAZETA – 2/10/1912

TEATRO MUNICIPAL – Quem não perdoa – Peça em três atos – Julia Lopes de Almeida. TESE – A sociedade perdoa o assassino da adúltera; a mãe da vítima, porém, tem o direito de matar o assassino.
O Teatro Municipal estava cheio exatamente como quando se trata de uma estreia de artistas de fama mundial e faladores de língua estrangeira.
D. Julia Lopes de Almeida é um nome luminoso nos domínios da nossa literatura. A sua peça, a Herança, levada na Exposição de 1908 é, sem favor nenhum, uma das mais intensas e mais dramáticas de quantas possuímos.
Com a sua estreia no teatro, havia esperança de que D. Julia Lopes de Almeida, neste gênero de literatura permanecesse no plano alto a que atingira com a Herança.
Porém, Quem não perdoa veio provar que assim não aconteceu.
A técnica teatral tem, ás vezes, destas surpresas.
Não é de boa lógica tentar afirmar que um crime com outro se paga, ou lá porque a sabedoria popular, inspirada na doutrina da igreja, diz: “quem com ferro fere, com ferro será ferido”, deve-se admitir estas coisas humanas.
É bem verdade que a alma humana é como lei interpretada por chicanistas, que cada um lhe dá a intenção que lhe apraz.
No primeiro ato da Quem não perdoa, D. Julia apresenta seus personagens com habilidade.
As cenas arrastam-se vagarosamente, deixando patente a falta de segurança nas “conversas”, o que não acontece nos “diálogos”, que são mais vigorosos e mais longos.
Enfim, neste ato de apresentação os “caracteres” ficam bem definidos, o que não deixa de revelar uma aproveitável aptidão para o teatro.
A peça de D. Julia Lopes de Almeida não será tão absurda como a princípio se pôde julgar pela audácia da tese, se se levar em conta a meticulosidade com que ela apresenta a protagonista.
“Elvira” é uma mãe na mais expansiva brutalidade dos sentimentos maternais.
“Ilda” é uma criatura tarada, cuja morbidez só fez eclosão aos trinta anos. Filha de jogador, que, talvez, tivesse outros vícios mais, não teve a rigidez de caráter precisa para evitar o seu desequilíbrio.
“Elvira”, dominada somente pelo seu amor de mãe, por este egoísmo cego das mães, não raciocinava, não via, não procurou com a sua autoridade evitar as tendências da filha para o erro. Dominada somente pelo seu exagerado e inconveniente amor maternal, quando viu o seu genro fazer de um punhal o sabão da honra, não perdoou. Os homens o perdoaram, a sociedade o perdoa, com exceção de “Cardo”, e, enquanto todos assim procediam, “Elvira”, como o fantasma do remorso vivo, no dia da absolvição, penetra-lhe em casa e enterra-lhe o punhal vingador, pelo peito a dentro.
É um pouco de justiça de Fafe, mas, enfim, respeitamos a solução da autora.
Diz D. Julia Lopes de Almeida que a sua peça foi escrita em um curto espaço de tempo. Esta razão dá-lhe habeas-corpus, pois, assim não fossem tão notável escritora, não eram permitidos os primitivos processos de dramatização de que lanço mão. Hoje em dia, a não ser no gênero grand-guignol, não se usa matar em cena.
A técnica moderna não admite mesmo este uso. Aí está Bernstein que, com a sua genial violência da dramatização jamais emocionou a plateia com a morte em cena.
Afora estes pequenos descuidos, vazados da pena prática da autora, devemos fazer justiça à segurança com que foi observado o “meio” em que se passa a ação.
O desempenho não teve a segurança que era de esperar. Os artistas se ressentiram e amedrontaram um pouco da grande e escolhida plateia que os assistia.
Maria Falcão, apesar da dificuldade do seu papel, venceu muito bem todas as cenas; o mesmo não aconteceu com Lucilia Peres, que, evidentemente não emprestou ao seu papel todo o fulgor da sua vibratibilidade.
Antonio Ramos, com a orientação moderna do teatro, não é mais um galã. A sua maneira exageradamente italiana, é insuportável.
É pena que assim seja, porque Ramos tem talento e habilidade para ser um “natural” ator.
Luiza de Oliveira e Ferreira Souza se conduziram muito bem.
Os demais, nas “pontas”, em que entraram, estiveram senhores de seus papéis.
A mise-en-scene, perfeitamente de acordo.
Convém salientar que o advogado do rico “Gustavo Ribas”, se apresentou mal vestido, com um rábula, e a “Maquillagem” do “Cardoso” era detestável.
Quanto aos cenários, não se pode desejar mais.
Jayme Silva, Lazary e Joaquim Santos respectivamente, no 1º, 2º e 3º atos, apresentaram trabalhos perfeitos.


VISITE TAMBÉM





GAZETA – 2/10/1912

TEATRO MUNICIPAL – Quem não perdoa – Peça em três atos – Julia Lopes de Almeida. TESE – A sociedade perdoa o assassino da adúltera; a mãe da vítima, porém, tem o direito de matar o assassino.
O Teatro Municipal estava cheio exatamente como quando se trata de uma estreia de artistas de fama mundial e faladores de língua estrangeira.
D. Julia Lopes de Almeida é um nome luminoso nos domínios da nossa literatura. A sua peça, a Herança, levada na Exposição de 1908 é, sem favor nenhum, uma das mais intensas e mais dramáticas de quantas possuímos.
Com a sua estreia no teatro, havia esperança de que D. Julia Lopes de Almeida, neste gênero de literatura permanecesse no plano alto a que atingira com a Herança.
Porém, Quem não perdoa veio provar que assim não aconteceu.
A técnica teatral tem, ás vezes, destas surpresas.
Não é de boa lógica tentar afirmar que um crime com outro se paga, ou lá porque a sabedoria popular, inspirada na doutrina da igreja, diz: “quem com ferro fere, com ferro será ferido”, deve-se admitir estas coisas humanas.
É bem verdade que a alma humana é como lei interpretada por chicanistas, que cada um lhe dá a intenção que lhe apraz.
No primeiro ato da Quem não perdoa, D. Julia apresenta seus personagens com habilidade.
As cenas arrastam-se vagarosamente, deixando patente a falta de segurança nas “conversas”, o que não acontece nos “diálogos”, que são mais vigorosos e mais longos.
Enfim, neste ato de apresentação os “caracteres” ficam bem definidos, o que não deixa de revelar uma aproveitável aptidão para o teatro.
A peça de D. Julia Lopes de Almeida não será tão absurda como a princípio se pôde julgar pela audácia da tese, se se levar em conta a meticulosidade com que ela apresenta a protagonista.
“Elvira” é uma mãe na mais expansiva brutalidade dos sentimentos maternais.
“Ilda” é uma criatura tarada, cuja morbidez só fez eclosão aos trinta anos. Filha de jogador, que, talvez, tivesse outros vícios mais, não teve a rigidez de caráter precisa para evitar o seu desequilíbrio.
“Elvira”, dominada somente pelo seu amor de mãe, por este egoísmo cego das mães, não raciocinava, não via, não procurou com a sua autoridade evitar as tendências da filha para o erro. Dominada somente pelo seu exagerado e inconveniente amor maternal, quando viu o seu genro fazer de um punhal o sabão da honra, não perdoou. Os homens o perdoaram, a sociedade o perdoa, com exceção de “Cardo”, e, enquanto todos assim procediam, “Elvira”, como o fantasma do remorso vivo, no dia da absolvição, penetra-lhe em casa e enterra-lhe o punhal vingador, pelo peito a dentro.
É um pouco de justiça de Fafe, mas, enfim, respeitamos a solução da autora.
Diz D. Julia Lopes de Almeida que a sua peça foi escrita em um curto espaço de tempo. Esta razão dá-lhe habeas-corpus, pois, assim não fossem tão notável escritora, não eram permitidos os primitivos processos de dramatização de que lanço mão. Hoje em dia, a não ser no gênero grand-guignol, não se usa matar em cena.
A técnica moderna não admite mesmo este uso. Aí está Bernstein que, com a sua genial violência da dramatização jamais emocionou a plateia com a morte em cena.
Afora estes pequenos descuidos, vazados da pena prática da autora, devemos fazer justiça à segurança com que foi observado o “meio” em que se passa a ação.
O desempenho não teve a segurança que era de esperar. Os artistas se ressentiram e amedrontaram um pouco da grande e escolhida plateia que os assistia.
Maria Falcão, apesar da dificuldade do seu papel, venceu muito bem todas as cenas; o mesmo não aconteceu com Lucilia Peres, que, evidentemente não emprestou ao seu papel todo o fulgor da sua vibratibilidade.
Antonio Ramos, com a orientação moderna do teatro, não é mais um galã. A sua maneira exageradamente italiana, é insuportável.
É pena que assim seja, porque Ramos tem talento e habilidade para ser um “natural” ator.
Luiza de Oliveira e Ferreira Souza se conduziram muito bem.
Os demais, nas “pontas”, em que entraram, estiveram senhores de seus papéis.
A mise-en-scene, perfeitamente de acordo.
Convém salientar que o advogado do rico “Gustavo Ribas”, se apresentou mal vestido, com um rábula, e a “Maquillagem” do “Cardoso” era detestável.
Quanto aos cenários, não se pode desejar mais.
Jayme Silva, Lazary e Joaquim Santos respectivamente, no 1º, 2º e 3º atos, apresentaram trabalhos perfeitos.


VISITE TAMBÉM


domingo, 5 de maio de 2013

Artigo de Bastos Tigre






















CORREIO – 5/10/1912
UM TEATRO NACIONAL
Começou a ser posto em execução o velho projeto de soerguimento do Teatro Nacional. Abriu-se a season ansiosamente esperada, precedida de retumbantes reclamos à yankee, com uma peça de intuitos sociais, finalmente escrita, dizem, e assinada por uma senhora, o que de per si já devia constituir um título de simpatia para a crítica a mais esmiuçadora e severa. Apesar desta circunstância, a impressão da crítica foi-lhe francamente desfavorável; houve quem atribuísse a culpa aos atores, que atiraram ao porão peça tão bem apadrinhada; houve quem desse aos cenários e ao guarda-roupa a responsabilidade da defaite; o ensaiador, o contra-regra, o ponto, tiveram todos o seu quinhão de bode expiatório no fracasso do drama de estreia; e houve até horribile dictu! quem atribuísse a culpa à própria peça!
Ora, ao nosso ver, ninguém é culpado; tal qual como no crime que há dias o democrático tribunal do júri acabou de julgar.
A peça caiu, falemos francamente, como cairão todas as que tentarem pôr nas tábuas do Teatro Municipal, com pretensões a tragédia e alta comédia, peças a tese, estudos psicológicos, etc.
Assim como o protecionismo na vida econômica do país criou as indústrias artificiais como a do fósforo, em que tudo é importado, desde o clorato de potássio até o rótulo, assim na vida literária, intelectual, a feitura de peças de tal ordem será sempre uma indústria de artifício e nunca uma criação de arte. Por ora, pelo menos. Como na indústria dos pregos ou dos fósforos, para não nos afastarmos do paralelo, vem tudo de fora na confecção dramatúrgica. Eis o processo porque o autor, íamos dizer-lo o industrial, fabrica o seu drama em cinco atos, com ou sem tese, destinado a demonstrar ao mundo que possuímos, além do nosso café e da nossa borracha, o nosso teatro, autenticamente brasileiro, nacional, indígena, como o sabiá e o Pão de Açúcar.
Ele, o autor, aproveitando o protecionismo que passou no Conselho, como na Câmara passaria um projeto em defesa do toucinho mineiro, encomenda de Paris uma certa dose de rafinement social, que a nossa terra não produz, alguns tipos que joguem espada, alguns pintores que façam vida boemia, grisettes que sirvam de modelo aos referidos pintores, cidadãos ricos que vivam dos rendimentos e dêem em seus palácios five ó clocks e recepções, toda essa matéria prima de que há absoluta falta em nossa incipiente semi-civilização; tudo isso recebe o autor, dos centros europeus convenientemente embalado em volumes encapados de amarelo, a 3 fr. 50, ou nos suplementos da Ilustraçãofrancesa.
(ilegível) assim dos (ilegível) e dos personagens ficam-lhe faltando apenas paixões que os agitem, movimentem, criando situações dramáticas, profundamente emotivas, fortes e intensas, que façam vibrar a sensibilidade do auditório e o tornem interessado no desfecho da ação, com a pontinha de moral ou de ceticismo no fim do último ato.
Novas encomendas para a Europa; e aí vem de importação o adultério escandaloso entre gente da alta linhagem, o fermento socialista, o problema religioso, os atritos de raças, os preconceitos de classe, em suma, todo esse manancial emotivo já, de resto, muito explorado pelos dramaturgos franceses, que vai agora servir para a fatura da nossa “peça nacional”.
E munido de todos os ingredientes, mete o escritor mãos à obra; como adubo indígena, entram apenas a gramática e o talento, quando o autor os tenha disponíveis.
Eis, afinal, completa a obra de arte que vai, municipalmente subsidiada, atestar aos coevos e aos posteros, que nos quoque gens humus em literatura teatral.
E a peça indígena sobe à cena, convenientemente ensaiada por um empresário português, e é representada por artistas tão lusitanos como o empresário ensaiador, e o saudoso Mondego.
É a isto que se chama o teatro nacional.
A peça caiu; era de prever. O público que lá foi, afrontando o luxo dos ônix e alabastros, esperava encontrar, reproduzida por atores brasileiros, a vida brasileira, com as suas paixões, as suas virtudes e vícios.
Não os temos nós perfeitamente caracterizados, típicos, nacionais? Deixemos, então, a mania do teatro nacional; pois se não possuímos uma vida nacional, como pretender reproduzir no palco essa coisa insistente?
Em vez do que esperava, o espectador vai de fato ouvir e ver uma salada de cenas apanhadas aqui e ali, em comédias, em dramas e tragédias, em romances franceses. Como na indústria do fósforo, tudo ali é matéria prima importada.
Que concluir dessas considerações pessimistas que vimos fazendo sobre o nosso tão sonhado teatro?
Apenas isto: não temos autores, não temos atores, não temos “motivos” – para drama, a alta comédia ou a tragédia nacional.
Por ora, ao posso ver, só um teatro é possível entre nós: o teatro alegre, com a opereta, a burleta, a revista. A revista, sim; podem corar à vontade os vestais da arte pura.
Só a revista e a burleta, expurgadas da pornografia de mau gosto, podem por ora caracterizar os nossos costumes, reproduzir a nossa semi-civilização, dando nome aos autores, dinheiro aos empresários e alegria ao público.
Enquanto os dramas psicológicos morrem na segunda representação, diante da plateia do Municipal, em paz e às moscas, o público irá enchendo os pequenos teatros, onde a vida nacional é tratada com o ridículo que lhe é devido, onde os tipos aparecem inconfundíveis na linha grotesca das caricaturas, para demorarem na memória de toda uma geração, fixados nela pela brejeira melodia dos couplets e dos refrains.
Quem porventura, esqueceu o
“Vidigal famoso
 Mais rancoroso do que um bicho mau”
E quem não vê o nosso muito nacional espécime do “homem todo família”, que prega moral e é familiar da roleta e das cocottes, naquele semvergonhismo Rodrigues da Capital Federal?
Eis aí, para não citar outros, dois tipos nacionais perfeitamente definidos e estudados.
Que obra dramática séria se pode orgulhar entre nós de haver dissecado um tipo do nosso meio, fixando-o assim, como o standartde um certo agrupamento ou de uma dada época nacional?
Mas poderão objetar, não somos nós, porventura, capazes das mesmas paixões humanas que em todo mundo fornecem o tema da obra teatral?
Por certo que sim; apenas – e sejam por isto os deuses louvados – a nossa índole não permite os quinto atos das tragédias; o plumitivo que se abalançasse a apanhar com a Kodak de sua observação um flagrante social, digamos, por exemplo, uma tragédia passional, e a dramatizasse profundamente, ibsenianamente, iria por fim cair, antes que o prêmio fosse outorgado à virtude, na hilariante, na impagável, na amaxixada cena cômica do júri.
Imaginem, o júri metido num fim de tragédia! Que achincalhamento para o teatro!
Não, meus senhores, deixemo-nos de dramas e de tragédias; aproveitem-se os talentos, as aptidões, que os temos de sobra, na edificação do nosso teatro, do teatro que responde às necessidades do meio e do momento.
Ponhamos a alma nacional em alegres e saltitantes revistas por sessões.
Bastos Tigre*

*Manuel Bastos Tigre (1882-1957) – Formou-se engenheiro civil, era pernambucano, porém veio para o Rio de Janeiro e tornou-se jornalista, humorista, poeta e teatrólogo. Escreveu dezenas de Revistas, entre elas a mais famosa Maxixe. Em parceria com Eduardo Victorino as Revistas Viva o amor! e Dito e feito.

VISITE TAMBÉM

Artigo de Bastos Tigre






















CORREIO – 5/10/1912
UM TEATRO NACIONAL
Começou a ser posto em execução o velho projeto de soerguimento do Teatro Nacional. Abriu-se a season ansiosamente esperada, precedida de retumbantes reclamos à yankee, com uma peça de intuitos sociais, finalmente escrita, dizem, e assinada por uma senhora, o que de per si já devia constituir um título de simpatia para a crítica a mais esmiuçadora e severa. Apesar desta circunstância, a impressão da crítica foi-lhe francamente desfavorável; houve quem atribuísse a culpa aos atores, que atiraram ao porão peça tão bem apadrinhada; houve quem desse aos cenários e ao guarda-roupa a responsabilidade da defaite; o ensaiador, o contra-regra, o ponto, tiveram todos o seu quinhão de bode expiatório no fracasso do drama de estreia; e houve até horribile dictu! quem atribuísse a culpa à própria peça!
Ora, ao nosso ver, ninguém é culpado; tal qual como no crime que há dias o democrático tribunal do júri acabou de julgar.
A peça caiu, falemos francamente, como cairão todas as que tentarem pôr nas tábuas do Teatro Municipal, com pretensões a tragédia e alta comédia, peças a tese, estudos psicológicos, etc.
Assim como o protecionismo na vida econômica do país criou as indústrias artificiais como a do fósforo, em que tudo é importado, desde o clorato de potássio até o rótulo, assim na vida literária, intelectual, a feitura de peças de tal ordem será sempre uma indústria de artifício e nunca uma criação de arte. Por ora, pelo menos. Como na indústria dos pregos ou dos fósforos, para não nos afastarmos do paralelo, vem tudo de fora na confecção dramatúrgica. Eis o processo porque o autor, íamos dizer-lo o industrial, fabrica o seu drama em cinco atos, com ou sem tese, destinado a demonstrar ao mundo que possuímos, além do nosso café e da nossa borracha, o nosso teatro, autenticamente brasileiro, nacional, indígena, como o sabiá e o Pão de Açúcar.
Ele, o autor, aproveitando o protecionismo que passou no Conselho, como na Câmara passaria um projeto em defesa do toucinho mineiro, encomenda de Paris uma certa dose de rafinement social, que a nossa terra não produz, alguns tipos que joguem espada, alguns pintores que façam vida boemia, grisettes que sirvam de modelo aos referidos pintores, cidadãos ricos que vivam dos rendimentos e dêem em seus palácios five ó clocks e recepções, toda essa matéria prima de que há absoluta falta em nossa incipiente semi-civilização; tudo isso recebe o autor, dos centros europeus convenientemente embalado em volumes encapados de amarelo, a 3 fr. 50, ou nos suplementos da Ilustração francesa.
(ilegível) assim dos (ilegível) e dos personagens ficam-lhe faltando apenas paixões que os agitem, movimentem, criando situações dramáticas, profundamente emotivas, fortes e intensas, que façam vibrar a sensibilidade do auditório e o tornem interessado no desfecho da ação, com a pontinha de moral ou de ceticismo no fim do último ato.
Novas encomendas para a Europa; e aí vem de importação o adultério escandaloso entre gente da alta linhagem, o fermento socialista, o problema religioso, os atritos de raças, os preconceitos de classe, em suma, todo esse manancial emotivo já, de resto, muito explorado pelos dramaturgos franceses, que vai agora servir para a fatura da nossa “peça nacional”.
E munido de todos os ingredientes, mete o escritor mãos à obra; como adubo indígena, entram apenas a gramática e o talento, quando o autor os tenha disponíveis.
Eis, afinal, completa a obra de arte que vai, municipalmente subsidiada, atestar aos coevos e aos posteros, que nos quoque gens humus em literatura teatral.
E a peça indígena sobe à cena, convenientemente ensaiada por um empresário português, e é representada por artistas tão lusitanos como o empresário ensaiador, e o saudoso Mondego.
É a isto que se chama o teatro nacional.
A peça caiu; era de prever. O público que lá foi, afrontando o luxo dos ônix e alabastros, esperava encontrar, reproduzida por atores brasileiros, a vida brasileira, com as suas paixões, as suas virtudes e vícios.
Não os temos nós perfeitamente caracterizados, típicos, nacionais? Deixemos, então, a mania do teatro nacional; pois se não possuímos uma vida nacional, como pretender reproduzir no palco essa coisa insistente?
Em vez do que esperava, o espectador vai de fato ouvir e ver uma salada de cenas apanhadas aqui e ali, em comédias, em dramas e tragédias, em romances franceses. Como na indústria do fósforo, tudo ali é matéria prima importada.
Que concluir dessas considerações pessimistas que vimos fazendo sobre o nosso tão sonhado teatro?
Apenas isto: não temos autores, não temos atores, não temos “motivos” – para drama, a alta comédia ou a tragédia nacional.
Por ora, ao posso ver, só um teatro é possível entre nós: o teatro alegre, com a opereta, a burleta, a revista. A revista, sim; podem corar à vontade os vestais da arte pura.
Só a revista e a burleta, expurgadas da pornografia de mau gosto, podem por ora caracterizar os nossos costumes, reproduzir a nossa semi-civilização, dando nome aos autores, dinheiro aos empresários e alegria ao público.
Enquanto os dramas psicológicos morrem na segunda representação, diante da plateia do Municipal, em paz e às moscas, o público irá enchendo os pequenos teatros, onde a vida nacional é tratada com o ridículo que lhe é devido, onde os tipos aparecem inconfundíveis na linha grotesca das caricaturas, para demorarem na memória de toda uma geração, fixados nela pela brejeira melodia dos couplets e dos refrains.
Quem porventura, esqueceu o
“Vidigal famoso
 Mais rancoroso do que um bicho mau”
E quem não vê o nosso muito nacional espécime do “homem todo família”, que prega moral e é familiar da roleta e das cocottes, naquele semvergonhismo Rodrigues da Capital Federal?
Eis aí, para não citar outros, dois tipos nacionais perfeitamente definidos e estudados.
Que obra dramática séria se pode orgulhar entre nós de haver dissecado um tipo do nosso meio, fixando-o assim, como o standart de um certo agrupamento ou de uma dada época nacional?
Mas poderão objetar, não somos nós, porventura, capazes das mesmas paixões humanas que em todo mundo fornecem o tema da obra teatral?
Por certo que sim; apenas – e sejam por isto os deuses louvados – a nossa índole não permite os quinto atos das tragédias; o plumitivo que se abalançasse a apanhar com a Kodak de sua observação um flagrante social, digamos, por exemplo, uma tragédia passional, e a dramatizasse profundamente, ibsenianamente, iria por fim cair, antes que o prêmio fosse outorgado à virtude, na hilariante, na impagável, na amaxixada cena cômica do júri.
Imaginem, o júri metido num fim de tragédia! Que achincalhamento para o teatro!
Não, meus senhores, deixemo-nos de dramas e de tragédias; aproveitem-se os talentos, as aptidões, que os temos de sobra, na edificação do nosso teatro, do teatro que responde às necessidades do meio e do momento.
Ponhamos a alma nacional em alegres e saltitantes revistas por sessões.
Bastos Tigre*

*Manuel Bastos Tigre (1882-1957) – Formou-se engenheiro civil, era pernambucano, porém veio para o Rio de Janeiro e tornou-se jornalista, humorista, poeta e teatrólogo. Escreveu dezenas de Revistas, entre elas a mais famosa Maxixe. Em parceria com Eduardo Victorino as Revistas Viva o amor! e Dito e feito.

VISITE TAMBÉM